segunda-feira, 9 de outubro de 2017

CIÊNCIA E PSEUDOCIÊNCIAS


CIÊNCIA E PSEUDOCIÊNCIAS
 




O QUE É CIÊNCIA?
Ciência representa todo o conhecimento adquirido através do estudo ou da prática, baseando em princípios certos. Esta palavra deriva do latim scientia, sujo significado é "conhecimento" ou "saber".
Em geral, a ciência comporta vários conjuntos de saberes nos quais são elaboradas as suas teorias baseadas nos seus próprios métodos científicos.
A metodologia é essencial na ciência, assim como a ausência de preconceitos e juízos de valor. A ciência tem evoluído ao longo dos séculos. Galileu Galilei é considerado o pai da ciência moderna.

CIÊNCIA E TECNOLOGIA
A ciência está intimamente ligada com a área da tecnologia, porque os grandes avanços da ciência, hoje em dia, são alcançados através do desenvolvimento de novas tecnologias e do desenvolvimento das tecnologias já existentes.

CIÊNCIAS SOCIAIS
Estudam o comportamento humano, as relações humanas e o seu desenvolvimento em sociedade. Nelas estão incluídas áreas como a Antropologia, o Direito, a História, a Psicologia, a Sociologia, a Filosofia Social, a Economia Social, a Política Social, o Direito Social. 
As ciências sociais estudam as normas de convivência do homem e dos modos da sua organização social. O termo "ciência social" também é usado para designar o grupo formado pelas ciências do direito, sociologia e ciências políticas.

CIÊNCIAS EXATAS
Produzem conhecimento baseado em expressões quantitativas, testando as suas hipóteses de forma rigorosa com base em experimentos ou cálculos. Ciências exatas são aquelas que só admitem princípios, consequências e fatos rigorosamente demonstráveis.
São exemplos de ciências exatas a Matemática, a Física, a Astronomia, a Engenharia, a Química e até mesmo certos ramos da Biologia ou da Economia.

CIÊNCIAS NATURAIS
Ciências naturais são ciências que descrevem, ordenam e comparam os fenômenos naturais, isto é, os objetos da Natureza e os processos que nela têm lugar, e determinam as relações existentes entre eles, formulando leis e regras.
Pode distinguir-se entre ciências exatas (como a física e química) e ciências predominantemente descritivas (biologia, incluindo a microbiologia e a paleontologia, geografia, geologia, cristalografia, etc). O campo de atividade das ciências naturais é constituído principalmente pela investigação sem uma aplicação concreta. Fazem parte das ciências naturais a Biologia, a Geologia e a Medicina, por exemplo.

A partir da ciência moderna, o homem se torna máquina, tanto em sua ação social, quanto em sua ação particular individual. A ciência nos levou ao conhecimento da técnica e assim ainda que, para com esta, tenhamos nos submetido aos seus ditames tivemos condições para nos lançarmos em aventuras no macro e no microcosmo.

Há a prevalência da técnica concebida pelo homem sobre o próprio homem. A crítica contemporânea tem como enfoque a matematização do conhecimento como afastamento do homem da sua essência humana, a ponto de o homem se deixar dominar pela sua própria invenção.




 PSEUDOCIÊNCIAS
 

A palavra “pseudo” significa “falso”. O modo mais seguro de identificar algo falso é saber tanto quanto possível sobre os fatos reais — neste caso, a própria ciência. Ter conhecimento científico não se restringe a saber fatos científicos (como a distância da Terra ao Sol, a idade da Terra, as diferenças entre mamíferos e répteis etc.). Significa entender a natureza da ciência — os critérios para obter evidência, como projetar experimentos relevantes, a avaliação de possibilidades, os testes de hipóteses, o estabelecimento de teorias, os múltiplos aspectos dos métodos científicos que tornam possível estabelecer conclusões confiáveis acerca do universo físico.
Já que os meios de comunicação bombardeiam-nos com absurdos, torna-se útil ter em conta as características da pseudociência. A presença de apenas uma delas já deve despertar grande suspeita. Por outro lado, um material que não mostre nenhum destes vícios poderá ser pseudociência mesmo assim, pois seus adeptos inventam diariamente novas maneiras de se tapear. A maioria dos exemplos deste artigo relaciona-se à física, minha área de conhecimento, porém crenças e comportamentos semelhantes estão associados à astrologia médica, iridologia, quiropraxia baseada em subluxação, reflexologia, terapia dos meridianos, toque terapêutico e outras pseudociências da saúde.


A PSEUDOCIÊNCIA EXIBE INDIFERENÇA PELOS FATOS.
Em vez de se dar ao trabalho de consultar referências ou investigar diretamente, seus proponentes limitam-se a regurgitar falsos “fatos” sempre que necessário. Estas ficções são amiúde cruciais para os argumentos e conclusões do pseudocientista. Ademais, pseudocientistas raramente revisam seus textos. A primeira edição dum livro pseudocientífico é quase sempre a última, muito embora ele continue a ser impresso por décadas ou mesmo séculos. Até mesmo livros com erros óbvios de conteúdo e impressão são reimpressos sem modificação, vezes sem conta. Compare-se isto aos compêndios científicos que são reeditados a cada punhado de anos, devido ao rápido acúmulo de novos fatos e critérios.

A “PESQUISA” PSEUDOCIENTÍFICA É INVARIAVELMENTE MALFEITA.
Os pseudocientistas recortam notícias de jornais, colecionam boatos, citam outros livros pseudocientíficos e debruçam-se sobre antigas obras religiosas ou mitológicas. Raramente ou nunca empreendem uma investigação independente para verificar suas fontes.

A PSEUDOCIÊNCIA PARTE DUMA HIPÓTESE — QUE GERALMENTE POSSUA APELO EMOCIONAL E SEJA ESPETACULARMENTE IMPLAUSÍVEL — E A SEGUIR BUSCA SOMENTE OS ITENS QUE A APOIEM.
Desprezam-se as evidências conflitantes. De modo geral, a pseudociência visa racionalizar crenças fortemente arraigadas, ao invés de investigar ou testar possibilidades alternativas. A pseudociência se especializa em atingir conclusões “apropriadas” e espicaçar ideologias, ao apelar a ideias preconcebidas e mal-entendidos disseminados.

A PSEUDOCIÊNCIA É INDIFERENTE AOS CRITÉRIOS PARA ESTABELECER EVIDÊNCIA VÁLIDA.
A ênfase não reside em experimentos científicos relevantes, controlados e repetíveis. Pelo contrário, baseia-se em testemunhos não verificáveis, histórias e lorotas, boatos, rumores e relatos dúbios. A literatura genuinamente científica ou é desprezada ou distorcida.

A PSEUDOCIÊNCIA CONFIA MUITO NA VALIDAÇÃO SUBJETIVA.
José da Silva aplica gelatina na cabeça, e sua dor de cabeça some. Para a pseudociência, isto significa que gelatina cura dores de cabeça. Para a ciência, isto nada significa, pois nenhum experimento foi realizado. Muitas coisas estavam ocorrendo quando a dor de cabeça de José da Silva sumiu — era lua cheia, um pássaro voou por sobre ele, a janela estava aberta, José vestia sua camisa vermelha etc. — e sua dor de cabeça acabaria indo embora de qualquer modo, fosse por que fosse. Um experimento controlado colocaria muitas pessoas numa mesma situação, exceto pela presença ou ausência do remédio que se desejasse testar, e compararia os resultados, que então teriam alguma possibilidade de ser relevantes. Muitos acham que a astrologia deve ter algo válido, pois um horóscopo de jornal descreve-os perfeitamente. Mas um exame detalhado revelaria que a descrição é genérica o bastante para enquadrar praticamente qualquer um. Este fenômeno, chamado de validação subjetiva, é um dos pilares do apoio popular à pseudociência.

A PSEUDOCIÊNCIA DEPENDE DE CONVENÇÕES ARBITRÁRIAS DA CULTURA HUMANA, AO INVÉS DE REGULARIDADES IMUTÁVEIS DA NATUREZA.
Por exemplo, a interpretação da astrologia baseia-se nos nomes de coisas, que são acidentais e variam de cultura a cultura. Se os antigos houvessem chamado de Marte ao planeta a que chamamos de Júpiter, a astronomia não daria a mínima, mas a astrologia seria totalmente outra, pois baseia-se exclusivamente no nome e nada tem que ver com as propriedades físicas do planeta em si.

A PSEUDOCIÊNCIA ACABA SEMPRE EM ABSURDO SE LEVADA ADIANTE.
Talvez os rabdomantes possam sentir de algum modo a presença de água ou minerais no subsolo, mas quase todos afirmam poder detectá-los igualmente por meio de um mapa! Talvez Uri Geller seja um “paranormal”, mas será que seus poderes são a ele irradiados mediante uma ligação de rádio com um disco voador do planeta Huva, como ele alega? Talvez as plantas sejam “paranormais”, mas por que uma tigela de lama produz exatamente a mesma resposta no mesmo “experimento”?

A PSEUDOCIÊNCIA SEMPRE EVITA SUBMETER SUAS ALEGAÇÕES A UM TESTE VÁLIDO.
Os pseudocientistas nunca efetuam experimentos cuidadosos e metódicos — e geralmente também desprezam aqueles realizados por cientistas. Os pseudocientistas tampouco efetuam acompanhamentos. Se algum pseudocientista declara ter realizado um experimento (tal como os estudos “extraviados” de Hermann Swoboda sobre biorritmos, que constituem a suposta base da moderna pseudociência da biorritmologia), nenhum outro pseudocientista procura repetir o experimento ou fiscalizar o autor, mesmo quando os resultados são inexistentes ou questionáveis! Ademais, quando um pseudocientista alega ter realizado um experimento de resultado notável, ele não o repete para verificar seus resultados e procedimentos. Isto está em franco contraste com a ciência, na qual experimentos cruciais são repetidos por cientistas do mundo todo, com precisão cada vez maior.

A PSEUDOCIÊNCIA AMIÚDE SE CONTRADIZ, MESMO EM SEUS PRÓPRIOS TERMOS.
Estas contradições lógicas são meramente desprezadas ou racionalizadas. Portanto, não deveríamos nos surpreender se o Capítulo 1 de um livro sobre rabdomancia afirma que rabdomantes usam galhos recém-cortados, pois somente a madeira “viva” consegue canalizar e focalizar a “radiação telúrica” que possibilita a rabdomancia, ao passo que o Capítulo 5 afirma que quase todos os rabdomantes empregam varas de metal ou plástico.

A PSEUDOCIÊNCIA CRIA DELIBERADAMENTE MISTÉRIO ONDE NÃO HÁ NENHUM AO OMITIR INFORMAÇÕES CRUCIAIS E DETALHES IMPORTANTES.
Pode-se tornar qualquer coisa “misteriosa”, omitindo o que se sabe a respeito ou apresentando detalhes imaginários. Os livros sobre o “Triângulo das Bermudas” são exemplos clássicos desta tática.
A PSEUDOCIÊNCIA NÃO PROGRIDE.
Ocorrem modas, e um pseudocientista pode mudar de uma moda a outra (de fantasmas à pesquisa de percepção extrasensorial, de discos voadores a estudos de paranormalidade, da percepção extrasensorial ao Abominável Homem das Neves). Porém, não se faz nenhum progresso num dado tópico. Obtém-se pouca ou nenhuma informação nova. Raramente se propõem novas teorias, e conceitos antigos raramente se modificam ou são descartados à luz de novas “descobertas”, já que a pseudociência raramente faz novas “descobertas”. Quanto mais antiga a ideia, maior o respeito que recebe. Nenhum fenômeno ou processo natural até então desconhecido da ciência foi descoberto por pseudocientistas. Na realidade, os pseudocientistas quase invariavelmente lidam com fenômenos bem conhecidos pelos cientistas, mas pouco conhecidos pelo público em geral — de sorte que o público engolirá qualquer alegação que o pseudocientista queira fazer. Como exemplos temos o andar sobre brasas e a fotografia “Kirlian”.

A PSEUDOCIÊNCIA BUSCA PERSUADIR COM RETÓRICA, PROPAGANDA E EMBUSTE, NO LUGAR DE EVIDÊNCIA VÁLIDA (QUE PRESUMIVELMENTE NÃO EXISTE).
Os livros pseudocientíficos oferecem exemplos de quase toda a sorte de falácias de lógica e raciocínio conhecidas pelos estudiosos e têm inventado algumas novas. Um recurso favorito é o “non sequitur”. Os pseudocientistas também adoram o “Argumento de Galileu”. Este consiste em o pseudocientista comparar-se a Galileu, dizendo que, assim como o pseudocientista é tido como equivocado, também Galileu o era por seus contemporâneos; logo, o pseudocientista certamente tem razão, exatamente como Galileu. É claro que esta conclusão não procede! Ademais, as ideias de Galileu foram testadas, verificadas e prontamente aceitas por seus colegas de ciência. A rejeição proveio da religião oficial, que favorecia a pseudociência, contradita pelas descobertas de Galileu.

A PSEUDOCIÊNCIA ARGUMENTA COM BASE NA IGNORÂNCIA OU NUMA FALÁCIA ELEMENTAR.
Muitos pseudocientistas baseiam suas alegações na incompletude de informações sobre a natureza, ao invés de basear-se no que se sabe até agora. Mas não há como comprovar uma alegação mediante falta de informação. O fato de que as pessoas não identificam o que veem no céu significa apenas que elas não identificam o que veem. Isto não quer dizer que discos voadores provêm do espaço extraterrestre. A afirmação “A ciência não consegue explicar” é comum na literatura pseudocientífica. Em muitos casos, a ciência não tem interesse nos supostos fenômenos por não haver evidência de que existam; noutros casos, a explicação científica é bem conhecida e demonstrada, mas o pseudocientista não sabe disso ou despreza deliberadamente o fato para criar mistério.

A PSEUDOCIÊNCIA ARGUMENTA COM BASE EM SUPOSTAS EXCEÇÕES, ERROS, ANOMALIAS, ACONTECIMENTOS ESTRANHOS, E ALEGAÇÕES SUSPEITAS — AO INVÉS DE REGULARIDADES DA NATUREZA BEM DEMONSTRADAS.
A experiência dos cientistas nos últimos 400 anos é que alegações e notícias que descrevem objetos bem estudados como se comportassem de forma estranha e incompreensível costumam ser reduzir-se, após investigação, a fraudes deliberadas, enganos honestos, descrições confusas, mal-entendidos, mentiras deslavadas e asneiras graves. Não é recomendável julgar tais notícias pela aparência, sem verificá-las. Os pseudocientistas sempre as tomam ao pé da letra, sem recorrer à comprovação independente.

A PSEUDOCIÊNCIA APELA À FALSA AUTORIDADE, EMOÇÃO, SENTIMENTO OU DESCONFIANÇA DE UM FATO COMPROVADO.
Um indivíduo que abandonou o curso secundário é aceito como expert em arqueologia, embora nunca a tenha estudado! Um psicanalista é aceito como expert em todos os aspectos da história humana, sem contar física, astronomia e mitologia, muito embora suas alegações sejam incompatíveis com tudo que se sabe nestas quatro áreas. Um físico diz que um “paranormal” jamais poderia enganá-lo com meros truques de mágica, embora ele nada saiba sobre mágica e prestidigitação. Apelos emocionais são comuns (“Se isto o fará sentir-se bem, deve ser verdade.”; “No fundo de seu coração você sabe que isto está correto”). Os pseudocientistas gostam de conspirações imaginárias (“Há farta evidência sobre discos voadores, mas o Governo mantém segredo.”). E argumentam com irrelevâncias; ao ser confrontados por fatos inconvenientes, limitam-se a retrucar: “Os cientistas não sabem tudo!”

A PSEUDOCIÊNCIA FAZ ALEGAÇÕES EXTRAORDINÁRIAS E AVENTA TEORIAS FANTÁSTICAS QUE CONTRADIZEM O QUE SE CONHECE SOBRE A NATUREZA.
Não apenas deixam de fornecer provas da veracidade de suas alegações, mas também desprezam todas as descobertas que contradigam suas conclusões. (“De algum lugar os discos voadores devem vir — portanto a Terra é oca, e eles vêm do seu interior.”; “A faísca que produzo com este aparelho elétrico não é na verdade uma faísca, mas sim uma manifestação sobrenatural de energia psicoespiritual.”; “Todo ser humano está rodeado por uma aura impalpável de energia eletromagnética, o ovo áurico dos antigos videntes hindus, que espelha fielmente o humor e condição deste humano.”)

OS PSEUDOCIENTISTAS INVENTAM SEU PRÓPRIO VOCABULÁRIO, NO QUAL MUITOS TERMOS CARECEM DE DEFINIÇÕES PRECISAS OU SEM AMBIGUIDADE, E ALGUNS NÃO POSSUEM NENHUMA DEFINIÇÃO.
Os ouvintes são amiúde forçados a interpretar as afirmações conforme suas próprias preconcepções. Por exemplo, o que significa “energia biocósmica” ou “sistema psicotrônico de amplificação”? Os pseudocientistas buscam com frequência imitar o jargão científico e técnico jorrando uma algaravia que soa científica e técnica. Os curandeiros estariam perdidos sem o termo “energia”, mas o emprego que dele fazem não tem absolutamente nada que ver com o conceito de energia usado pelos físicos.

A PSEUDOCIÊNCIA APELA AOS CRITÉRIOS DE COMPROVAÇÃO DA METODOLOGIA CIENTÍFICA, AO MESMO TEMPO EM QUE NEGA A VALIDADE DESTES.
Assim, um experimento realizado de forma inválida, que parece mostrar que a astrologia funciona, é proposto como “prova” de que a astrologia está correta, ao mesmo tempo em que se desprezam milhares de experimentos executados corretamente que provam que ela não funciona. O fato de que alguém se deu bem usando simples truques de mágica nalgum laboratório científico é “prova” de que ele é um super-homem paranormal, enquanto se despreza o fato de que ele foi flagrado tapeando em diversos outros laboratórios.

A PSEUDOCIÊNCIA ALEGA QUE OS FENÔMENOS POR ELA ESTUDADOS SÃO “SENSÍVEIS”.
Os fenômenos só se manifestam em condições vagamente especificadas, porém vitais (como, por exemplo, quando não há incrédulos nem céticos presentes; quando não há expert presentes; quando ninguém está observando; quando as “vibrações” estão corretas; ou só uma vez em toda história humana). A ciência afirma que fenômenos genuínos devem ser investigáveis por qualquer um que disponha do equipamento apropriado, e todos os experimentos executados de forma válida devem fornecer resultados consistentes. Nenhum fenômeno genuíno padece desta “sensibilidade”. Não há como montar um televisor ou rádio que só funcionam na ausência de céticos! Alguém que alegue ser um violinista de concertos, mas jamais possuiu um violino e se recusa a tocar sempre que alguém possa ouvi-lo, está mui provavelmente mentindo sobre sua capacidade de tocar violino.

AS “EXPLICAÇÕES” PSEUDOCIENTÍFICAS COSTUMAM LIMITAR-SE A DESCRIÇÕES DO CENÁRIO.
Ou seja, é nos contada uma história, e nada mais, não temos descrição alguma de qualquer possível processo físico. Por exemplo, o ex-psicanalista Immanuel Velikovsky (1895-1979) sustentava que um planeta que passou perto da Terra fez com que o eixo desta virasse de cabeça para baixo. É tudo que ele disse. Não forneceu nenhum mecanismo. Mas o mecanismo é essencial, porque as leis da física determinam a impossibilidade do processo. Isto é, a aproximação de um planeta não pode provocar a virada do eixo de rotação de outro planeta. Se Velikovsky houvesse descoberto algum modo pelo qual um planeta pudesse virar o eixo de outro planeta, presume-se que ele teria descrito o mecanismo que permitisse o acontecimento. Uma afirmação nua e crua, desprovida do mecanismo subjacente, não fornece nenhuma informação. Velikovsky disse que Vênus foi outrora um cometa, cuspido dum vulcão em Júpiter. Já que planetas não se parecem com cometas (que são restos de rochas ou gelo em forma de bola de neve, em nada relacionados a vulcões), e visto que não se conhece nenhum vulcão em Júpiter (nem mesmo uma superfície sólida!), não poderia existir nenhum processo físico real subjacente às afirmações de Velikovsky. Ele nos forneceu palavras, relacionadas entre si numa frase, mas estas relações eram estranhas ao universo real em que vivemos, e não deu nenhuma explicação de como elas poderiam existir. Ele nos forneceu histórias, não teorias genuínas.

OS PSEUDOCIENTISTAS APELAM FREQUENTEMENTE AO ANTIGO HÁBITO HUMANO DE PENSAR MAGICAMENTE.
Mágica, feitiçaria, bruxaria — baseiam-se em semelhanças espúrias, falsas relações de causa e efeito, etc. Ou seja, presumem-se desde o começo influências inexplicáveis e relações entre coisas — não comprovadas por investigação. (Se você pisar numa fenda da calçada sem dizer a palavra mágica, sua mãe irá sofrer uma fratura; comer folhas em forma de coração faz bem a doentes do coração; expor o corpo a luz vermelha aumenta a produção de sangue; os carneiros machos são agressivos, portanto quem nasça sob o signo do Carneiro será agressivo; os peixes são “alimento do cérebro”, porque sua carne se parece com tecido cerebral etc.)

A PSEUDOCIÊNCIA FIA-SE GRANDEMENTE EM PENSAMENTOS ANACRÔNICOS.
Quanto mais velha a ideia, mais atraente se torna à pseudociência — é a sabedoria dos antigos! — principalmente se a ideia for claramente errada e tiver sido há muito descartada pela ciência. Muitos jornalistas têm dificuldade em compreender este ponto. Um repórter típico, ao escrever sobre astrologia, talvez ache que possa realizar um trabalho bem feito entrevistando seis astrólogos e um astrônomo. O astrônomo diz que é tudo bobagem; os seis astrólogos dizem que é uma ótima coisa, e que, por cinquenta dólares, terão prazer em confeccionar o horóscopo de qualquer um. (Sem dúvida!) Para muitos editores e seus leitores, isto confirmaria a astrologia por seis votos contra um!



     

Alain Badiou, em seu livro “O Século”, reflete sobre a marca do século XX. Ele acrescenta que o início do século teve um início excepcional; um século prodigioso em invenções, criatividade e rupturas. Um século, segundo o autor, comparável ao da Renascença florentina. Nesse sentido, ele nos faz lembrar de alguns marcos do século XX: Mallarmé publica “Um lance de dados...” que se torna o manifesto da escrita contemporânea; Einstein inventa a relatividade restrita; Freud publica “A interpretação dos Sonhos”; Schoenberg funda a possibilidade da música tonal; Lênin cria a política moderna; Proust escreve o essencial de “A busca do tempo perdido”; a partir dos ensinamentos de Frege e Russell, Wittgenstein e alguns outros desenvolvem a filosofia da linguagem; Picasso e Braque quebram a lógica pictural; entre outros tantos prodígios. Logo após, em 1914, inicia-se um período de guerras que não pode ser pensado sem referência ao momento anterior das conquistas coloniais. Para Badiou, existe algo no furor das guerras dos anos trinta que retorna à primeira guerra, à guerra das trincheiras, e também às conquistas coloniais. Enfim, para Badiou, no século XX, a política torna-se tragédia.
 



A pós-modernidade, como período que sofre as consequências dos construtos teóricos e práticos da modernidade, não consegue diferir muito desta, se apresentando somente como uma modernidade de cara nova, mantendo o sujeito no esquecimento. Detêm-se o saber e o poder, mas não o porquê da aplicação dos saberes. É possível se fazer um homem novo, mas para quê? É esse o referido utilitarismo exacerbado: as coisas são feitas puramente pela sua utilidade, sem que haja uma reflexão a respeito do sujeito nesse contexto. Os objetos são criados e o sujeito não tem mais importância – daí todas as catástrofes e guerras às quais estamos tão acostumados na contemporaneidade. Não há regras para esse pragmatismo desmedido. “Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos!”  essa frase de Nietzsche é comumente apontada como a causa da morte de Deus, enquanto que, na verdade, ela só fez constatar um fato já ocorrido – a humanidade matou Deus. Diante desse aforismo de Nietzsche, Heidegger levanta a questão: “Como podemos reinventar o sagrado?” É preciso um substituto para a figura de Deus. A resposta aparece na implantação de Deus nos homens. Deus é o próprio homem que se vê capaz de tudo, enredando por caminhos perigosos, tornando-se, ele o homem, seu próprio inimigo. Ele se vê suficientemente poderoso para não respeitar nenhuma regra, nem a si mesmo.
 

 
Não foram os ateus que mataram Deus, mas aqueles que tentaram racionalizá-lo – a razão matou o sagrado. Os grandes valores como o sagrado, a ética, a moral, as leis, estão se anulando, deixando de existir diante do homem-deus. Em relação ao homem e ao objeto, a questão não consiste em religá-los, mas, sim, em jamais separá-los um do outro. Essa cisão é, não só, marca da modernidade, mas, também, essencialmente, uma marca da civilização ocidental. Na modernidade, o que há é o objeto sem sujeito, propiciando a existência de “criminosos anônimos” – tudo sendo feito sem que haja um sujeito para essas ações.



“O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. ‘Para onde foi Deus’, gritou ele, ‘já lhes direi! Nós o matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a terra do seu sol? Para onde se move agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caímos continuamente? Para trás, para os lados, para a frente, em todas as direções? Existem ainda ‘em cima’ e ‘embaixo’? Não vagamos como que através de um nada infinito? Não sentimos na pele o sopro do vácuo? Não se tornou ele mais frio? Não anoitece eternamente? Não temos que acender lanternas de manhã?” – Nietzsche, A Gaia Ciência, §125




MÚSICA:

Ouro de Tolo


Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros
Por mês
Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso
Na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar
Um Corcel 73
Eu devia estar alegre
E satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome
Por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa
Ah!
Eu devia estar sorrindo
E orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa
Eu devia estar contente
Por ter conseguido
Tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado
Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto "E daí?"
Eu tenho uma porção
De coisas grandes pra conquistar
E eu não posso ficar aí parado
Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família
No Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos
Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social
Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador
Ah!
Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador

PROJETO MODERNO
 
A partir de certo momento, o século foi dominado pela ideia de mudar o homem, de criar o homem novo. A criação do homem novo exige que o homem antigo seja destruído.

O projeto é tão radical que não se conta mais, a partir de sua realização, a singularidade das vidas humanas, leva-se em conta apenas o material. Um pouco como, retirados de sua harmonia tonal ou figurativa, os sons e as formas fossem, para os artistas da arte moderna, materiais cuja destinação se deve reformular. Ou como os signos formais destituídos de toda idealização objetiva, projetavam as matemáticas em direção a um acabamento mecanizado. 

O projeto do homem novo é, nesse sentido, um projeto de ruptura e de fundação que sustenta, na ordem da história e do Estado, a mesma tonalidade subjetiva que as rupturas científicas, artísticas, sexuais do início do século. É então possível sustentar que o século foi fiel ao seu prólogo.



Seguindo esta análise de Badiou, podemos perceber que no próprio projeto moderno estavam incluídas as causas de sua decadência e rejeição, pois a ideia de mudança no homem, com sua consequente desumanização, inclui na noção de homem, a noção de matéria e materialismo, cujas implicações já foram levantadas. Poderíamos, nesse sentido, chamar o projeto moderno de projeto Frankenstein. Tendo em vista a criação do homem novo evidenciada por Mary
Shelley. O Frankenstein de Mary Shelley cria o homem novo que o aterroriza e do qual ele foge. O horror do criador se manifesta pelo fato de não saber o que fazer de sua criação. Nas palavras de Mary Shelley:

[...] Ninguém, a não ser os que já a experimentaram, pode imaginar a sedução da ciência. Em outros tipos de estudos vai-se até onde os outros foram antes de nós, e nada mais há para se conhecer; mas quando se trata da ciência o terreno é inesgotável para as descobertas e maravilhas.[...] 

Um dos fenômenos que havia atraído particularmente minha atenção era a estrutura do corpo humano e, na verdade, de qualquer ser dotado de vida.
Muitas vezes eu me perguntava de onde provinha o princípio da vida. Era uma questão ousada e que sempre foi considerada um mistério; no entanto, com quantas coisas não nos poderíamos familiarizar se a covardia ou a displicência não impedissem nossas pesquisas?


[...] Após dias e dias de incríveis trabalhos e fadigas, consegui descobrir a causa da criação e da vida; mais ainda, tornei-me capaz de conferir vida à matéria morta.[...]

[...] Quando me vi com aquele poder tão espantoso em minhas mãos, hesitei longo tempo quanto à maneira de empregá-lo. Embora eu possuísse a capacidade para conferir a vida, preparar uma estrutura para recebê-la, com toda a complexidade de nervos, músculos e vasos, ainda constituía uma tarefa de inconcebível dificuldade e trabalho. No início, fiquei na dúvida se devia criar um ser como eu, ou um mais simplesmente organizado; porém a minha imaginação, demasiado exaltada pelo meu primeiro sucesso, não permitia que eu duvidasse da minha capacidade de dar vida a um animal tão complexo e maravilhoso quanto o homem. O material que eu tinha à minha disposição naquela época mal me parecia adequado para uma tarefa tão árdua. Preparei-me para uma série de reveses; era possível que minhas experiências sofressem constantes frustrações, e por fim minha obra podia sair imperfeita, mas quando eu pensava no progresso que todos os dias se faz nas ciências e na mecânica, eu me sentia encorajado a esperar que minhas tentativas pelo menos lançassem os alicerces do sucesso futuro. Nem podia eu admitir quaisquer argumentos sobre a impraticabilidade do meu plano grandioso e complexo. Foi assim pensando que iniciei a criação de um ser humano.








 CARACTERÍSTICAS DA  “NOVA ERA”
Há trinta anos vem-se formando uma onda cultural/filosófica/religiosa que pretende reagir contra o presente estado da humanidade e empurrar esta a uma nova consciência, para uma nova forma de ser espiritual. Esta onda é chamada de Nova Era (New Age) e, hoje por hoje, não há nenhum aspecto de nossa vida que não tenha sentido seus efeitos de alguma formam.
• A Nova Era seduz por responder às necessidades para as quais as instituições estabelecidas manifestaram-se incapazes.
• É uma busca da sacralização dos valores da cultura contemporânea.
 • Desvalorização do patriarcado e celebração dos valores femininos.
• Valorização da espiritualidade e religiões antigas e orientais de maneira descompromissada com as bases das mesmas.
 • Valorização de experiências sobrenaturais e paranormais.
• Reconhecimento da autoridade espiritual de sua própria experiência interior.
• Sincretismo de elementos esotéricos e seculares.
• Rejeição da modernidade e dos valores da cultura ocidental.
 • Primeiros símbolos da “Nova Era” são o festival de Woodstock em 1969 e o musical Hair com a música emblemá- tica – Aquarius.
• Tendo surgido de um movimento contra cultural nos anos 60 e 70, perdeu seu caráter revolucionário e político.
 • Rede fluida de adeptos cuja aproximação é pensar globalmente e agir localmente.
• Oferece a chave das correspondências entre todos os elementos do universo que permitem aos indivíduos modularem a tonalidade de suas vidas e de estarem em perfeita harmonia com os outros seres humanos e com o cosmos.
 • Nessa ótica, a doença e o sofrimento são a consequência de um comportamento contra a natureza. A harmonia com a natureza elimina tais problemas.
 • Existe uma grande variedade de terapias holísticas, das quais algumas se inspiram de antigas tradições culturais, religiosas ou esotéricas, ou teorias psicológicas desenvolvidas nos anos 1960-70. A Nova Era faz publicidade de uma larga gama de práticas tais como a acupuntura, a homeopatia, a hipnose, as massagens e diferentes tipos de técnicas corporais, a meditação e a vidência, as terapias nutricionais, os tratamentos psíquicos, diferentes tipos de medicina das plantas, a cura pelos cristais, os metais, a música ou as cores, as terapias de reencarna- ção e enfim os programas e os grupos de realização de si. A proposta é de encontrar a fonte da cura em nós mesmos, nos colocando em contato com nossa energia interior ou cósmica.
• Procura da totalidade buscando ultrapassar toda forma de dualismo.
 • A revolução científica moderna é criticada por sua tendência à fragmentação, ao mecanicismo e ao materialismo.
• O holismo impregna todo o movimento da Nova Era com sua procura por uma unidade, consciência ecológica e a ideia de uma rede global.
• A matriz essencial do pensamento Nova Era reside na tradição esotérico-teosófica, uma tradição largamente difundida nos círculos intelectuais europeus nos séculos XVIII e XIX. Nessa visão de mundo, os universos visíveis e invisíveis são religados entre eles por uma série de correspondências, analogias e influências, entre microcosmo e macrocosmo, entre os metais e os planetas, entre os planetas e as diferentes partes do corpo humano, entre o cosmos visível e os reinos invisíveis da realidade.
• A alquimia, a magia, a astrologia e os outros ramos do esoterismo tradicional são, na Nova Era, completados por elementos da cultura moderna, tais como a procura das leis de causalidade, o evolucionismo, a psicologia e o estudo das religiões.
• A Nova Era não é propriamente uma religião, mas podendo se interessar ao chamado “divino” como uma associação informal e não através de uma estrutura religiosa organizada. Os elementos que congregam esse interesse religioso são manifestos nos seguintes pontos: o cosmos é um todo orgânico animado por uma energia assimilada ao espírito ou alma; existe a crença na mediação espiritual; na existência de uma consciência eterna anterior e superior a todas as religiões e culturas.
 • Os seres humanos participam da divindade cósmica a partir de níveis de consciência diferentes e criam sua própria realidade. Cada indivíduo é uma fonte criadora do universo. O reconhecimento da consciência universal sintoniza o ser humano na unidade do cosmos.
 • Na nova era, Deus não é nem transcendente, nem pessoal. Ele não é criador, mas uma energia impessoal imanente ao mundo, com o qual ela forma uma unidade cósmica: Tudo é Um. Esta unidade é monista e panteísta. Deus é o princípio da vida, espírito ou alma do mundo, a soma total da consciência existente no universo.
 • Não há alteridade entre Deus e o Mundo. O Mundo, ele mesmo divino, segue um processo evolutivo que vai da matéria inerte à consciência superior e perfeita. O Mundo é eterno e autossuficiente. O futuro do Mundo depende de uma dinâmica interna que é necessariamente positiva, e que leva à unidade divina de tudo o que existe. Deus e o Mundo, a alma e o corpo, a inteligência e o sentimento, o céu e a terra formam uma só imensa vibração de energia.
• Tudo está religado no universo. Em si, cada parte é uma imagem da totalidade. Na grande rede, todos os seres estão intimamente ligados, formam uma única família com diversos graus de evolução. Cada homem é um holograma, uma imagem da criação inteira, onde cada elemento vibra com a sua própria frequência. A Nova era partilha com certo número de grupos influentes no plano internacional o objetivo de suplantar as religiões particulares para dar lugar a uma religião universal capaz de unificar a humanidade. Nesta mesma perspectiva caminham os esforços de algumas instituições para formular uma ética global, um quadro ético que refletiria a natureza global da cultura, da economia e da política contemporâneas. Ao seguirmos as pontuações feitas pelo texto do Vaticano ao discurso vigente na contemporaneidade, podemos perceber que, tal como afirmam Badiou e Alemán, a contemporaneidade apresenta um discurso frouxo, ou melhor, sem nenhum projeto, a partir do qual as soluções apontadas – entre elas, o giro religioso – apresentam-se apenas como paliativos ilusórios e inócuos diante do horror. Sendo que a eficácia só se manifesta do lado da técnica a serviço do poderio econômico em favor, como aponta o texto do Vaticano, da Globalização. Alain Badiou, em seu livro sobre a ética, enuncia que, na nossa contemporaneidade, a ética tornou-se nada mais que um discurso piedoso que visa a fazer valer os “direitos do homem”. Em suas palavras.

 SÍMBOLOS DA NOVA ERA



Há trinta anos vem-se formando uma onda cultural/filosófica/religiosa que pretende reagir contra o presente estado da humanidade e empurrar esta a uma nova consciência, para uma nova forma de ser espiritual. Esta onda é chamada de Nova Era (New Age) e, hoje por hoje, não há nenhum aspecto de nossa vida que não tenha sentido seus efeitos de alguma forma.
As idéias e os objetivos da Nova Era recolhem elementos das religiões orientais, o espiritismo, as terapias alternativas, a psicologia trans-pessoal, a ecologia profunda, a astrologia, o gnosticismo e outras correntes. Os mistura e os comercializa de mil formas, proclamando o início de uma nova época para a humanidade. Mas, no fundo, não parece ser mais que outra tentativa vã do homem de se salvar por si mesmo fazendo promessas que não pode cumprir e atribuindo-se poderes que não possui.
1. A Nova Era é uma seita religiosa?
Não. A Nova Era não é uma seita, nem uma igreja, nem uma religião. É uma foram de ver, pensar e atuar que muitas pessoas e organizações adotaram para mudar o mundo segundo certas crenças que têm em comum. Mas não tem chefe, nem regras, nem doutrinas fixas, nem disciplina comum.
2. Por que, então, se diz que é uma nova religião?
A Nova Era fala de muitas coisas que tocam nossa fé: Deus, a criação, a vida, a morte, a meditação, o sentido de nossa existência, etc. ... mas não é uma religião. Toma diversos aspectos de muitas religiões e também das ciências e da literatura e os mistura com certa originalidade para dar respostas fantásticas às perguntas mais importantes da vida humana. Às vezes inclusive usa uma linguagem cristã para expressar idéias muito contrárias ao cristianismo.
3. Quem pertence à Nova Era?
Todo tipo de pessoa pode fazer parte da Nova Era. Seus líderes e pensadores costumam ser gente da "revolução contracultural" dos anos 60 e 70 que rejeitou os valores e os caminhos religiosos tradicionais a favor da libertinagem, da cultural da droga, do amor livre e dos experimentos em comunidades utópicas. Hoje suas idéias estão tão difundidas que grande número de pessoas as compartilham sem uma rejeição formal e evidente de sua própria cultural ou seu estilo de vida.
4. Em que a Nova Era acredita?
O típico da Nova Era é o espírito de individualismo que permite a cada quem formular sua própria verdade religiosa, filosófica e ética. Mas há algumas crenças comuns que quase todos os participantes da Nova Era compartilham:
a) o mundo está para entrar em um período de paz e de harmonia mundial assinalado pela astrologia como a "era de Aquário"
b) A "era de Aquário" será fruto de uma nova consciência nos homens. Todas as terapias e técnicas da Nova Era pretendem criar esta consciência e acelerar a vinda da era de aquário.
c) Por esta nova consciência o homem vai se dar conta de seus poderes sobrenaturais e saberá que não há nenhum Deus fora de si mesmo.
d) Cada homem, portanto, cria a sua própria verdade. Não há bem e mal, toda experiência é um passo para a consciência plena de sua divindade.
e) O universo é um ser único e vivo em evolução ao pleno conhecimento de si e o homem é a manifestação de sua autoconsciência.
f) A natureza também é parte do único ser cósmico e, portanto, também participa de sua divindade. Tudo é "deus" e "deus" está em tudo.
g) Todas as religiões são iguais e, no fundo, dizem o mesmo.
h) Há "mestres" invisíveis que se comunicam com pessoas que já alcançaram a nova consciência e os instruem sobre os segredos do cosmos.
i) Todos os homens vivem muitas vidas, vão se reencarnando uma e outra vez até alcançar a nova consciência e dissolver-se na força divina do cosmos.
5. O que dizem os da Nova Era quando alguém os faz ver que estas crenças são pura fantasia?
Quando alguém não aceita esta absurda visão de Deus, do homem e do mundo, a Nova Era lhe diz que sua consciência ainda não está iluminada e que sua compreensão está condicionada por esquemas culturais que serão superados na nova era.
6 . Mas, como esperam comprovar umas crenças que não correspondem em nada à realidade?
Normalmente fazem de experiências subjetivas pessoais que são tão impossíveis de verificar como o são de desmentir. Às vezes pegam dados das ciências e os aplicam à vida espiritual do homem como se as mesmas leis regessem em ambos mundos.
7. Se as coisas estão assim, que lugar há na Nova Era para o Deus que nos foi revelado em Jesus Cristo?
Nenhum, o Deus da fé católica é uma pessoa, e "deus" da Nova Era é uma força impessoal e anônima. O Deus da fé católica é Criador de Tudo, mas não se identifica com nada do criado. O "deus" da Nova Era é a criação que pouco a pouco vai se dando conta de si mesmo. O Deus da fé católica é infinitamente superior ao homem, mas se inclina a ele para entrar em amizade com ele. O Deus da fé católica julgará a cada homem segundo sua resposta a esse amor. O "deus" da Nova Era é o próprio homem que está além do bem e do mal. Na Nova Era o amor mais alto é o amor a si mesmo.
8. A Nova Era diz algo de Jesus Cristo?
A Nova Era diz que Jesus Cristo foi mais um mestre iluminado entre muitos. Diz que a única diferença entre Jesus Cristo e os demais seres humanos é que Ele se deu conta de sua divindade enquanto a maioria dos homens ainda não a descobriram. Desta foram a Nova Era tira-lhe seu caráter único e irrepitível de Filho de Deus e ridicularizam o fato de que Deus se fez homem para "salvar-nos do pecado".
9. Um católico pode aceitar a crença na reencarnação?
Em absoluto. A reencarnação é a crença em uma cadeia de regressos a esta vida sob diverso aspecto corporal. Se fosse certa, minha liberdade seria inútil e minhas decisões, lutas, esforços, sacrifícios e sofrimentos na vida não teriam nenhum valor, pois ao fim e ao cabo teria que fazer tudo de novo uma e outra vez. Se a reencarnação fosse verdade, a paixão e morte de Cristo não teriam sentido e sua ressurreição não nos asseguraria a redenção. A ressurreição é a transformação definitiva do ser humano e a entrada à eternidade. Morre-se somente uma vez e à morte segue a ressurreição e o juízo. Como diz São Paulo: "Se nossa esperança em Cristo é unicamente para esta vida, somos os mais miseráveis dentre os homens!" (1Cor 15, 19).
10. A Nova Era não se confunde com o ecologismo?
Não. O verdadeiro ecologismo busca conservar o planeta e respeitar todas as formas de vida, especialmente a vida humana que tem um valor muito superior a todas as demais já que o homem foi feito a "imagem e semelhança de Deus". O ecologismo exagerado da Nova Era diz que o homem vale o mesmo que uma baleia ou um monte ou uma árvore. Chega a considerar ao homem como o pior inimigo do planeta em vez de vê-lo como seu guardião e seu dono.
11. Há também uma música que de diz "nova era"?
Sim. A música "nova era" se chama assim porque se inspira em alguns temas de grande interesse para a Nova Era: a natureza, as religiões dos povos antigos, as culturas orientais, etc... Costuma ser música instrumental, misturada com sons naturais, às vezes muito repetitiva, outras vezes sem melodia nenhuma.
12. É errado escutar este tipo de música?
A música "nova era" é como qualquer outra música: uma combinação de sons mais ou menos agradáveis ao ouvido. O que poderia torná-la "má" seria algum conteúdo daninho (a letra) ou algum uso irresponsável da música (para ajudara a induzir a um estado alterado de consciência; para provocar sentimentos negativos, etc.).
13. Por que a Nova Era fala tanto de "energia" ?
Uma das idéias básicas da Nova Era é que toda a realidade visível, incluindo o homem, se reduz a uma "energia cósmica". Segundo isso, enquanto o cosmos estiver em fase evolutiva, sua energia se manifesta de muitas formas: uma pedra, o vento, a mente humana, etc... Supostamente há coisas, lugares e exercícios que podem aumentar nossa capacidade e nosso controle dessa energia (carregar um cristal de quartzo, visitar uma pirâmide ou outro lugar "sagrado" o dia de um equinócio primaveral, realizar certas posturas de yoga, etc.).
14. Os programas de controle mental, cura e auto-superação são um engano?
Deve-se ver e julgar cada programa separadamente. Mas alguns programas ensinam simples técnicas de relaxamento, concentração, memória ou fortalecimento da vontade que produzem resultados imediatos em seus clientes. A estas técnicas, que não têm nada de extraordinário, as revestem de uma linguagem pseudo-científica e as colocam como um grande descobrimento ou um segredo da sabedoria antiga. Freqüentemente se passa de uma terapia psicológica ou emocional ao mundo espiritual, incorporando elementos do panteísmo, do gnosticismo ou da espiritualidade oriental sem prevenir ao cliente. Aos resultados mais modestos no campo humano é atribuído um caráter sobrenatural. Daí se convence ao cliente de seus "poderes especiais", sua "consciência iluminada", ou de qualquer coisa. O pior é que alguns destes programas se apresentam como um complemento excelente do cristianismo quando, no fundo, baseiam-se em conceitos incompatíveis com a fé católica.

15. As novas técnicas de meditação são úteis?
A Nova Era não tem nenhum reparo em misturar formas religiosas de tradições muito diversas, ainda quando há contradições de fundo. Deve-se recordar que a oração cristã se baseia na Palavra de Deus, centra-se na pessoa de Cristo, leva ao diálogo amoroso com Jesus Cristo e desemboca sempre na caridade ao próximo. As técnicas de concentração profunda e os métodos orientais de meditação fecham o sujeito em si mesmo, o impulsionam a um absoluto impessoal ou indefinido e fazem caso omisso do evangelho de Cristo.
16. E o yoga?
O yoga é, em sua essência, um exercício espiritual e corporal nascido da espiritualidade hindu. As posturas e exercícios, ainda que se apresentem como um simples método, são inseparáveis de seu sentido próprio no contexto do hinduísmo. O yoga é uma introdução a uma tradição religiosa muito alheia ao cristianismo. A palavra "yoga" significa "união". Deveríamos perguntar: união com o que?
17. Por que a Nova Era dá tanta importância à astrologia, ao horóscopo, ao tarô, ao contato com espíritos, etc.?
As antigas técnicas de adivinhação e o espiritismo sempre provocaram a curiosidade das pessoas. A Nova Era tem assinalado um renascimento do interesse no ocultismo, a magia, a astrologia e as práticas mediúnicas. São correntes que pretendem dotar ao homem de poderes mentais e espirituais sobrenaturais e colocá-lo como dono absoluto de seu próprio destino. A Nova Era apaga as distinções entre matéria e espírito, entre o real e o imaginário, entre o possível e o impossível. Mas nenhum esforço da Nova Era conseguirá conciliar o ocultismo, o esoterismo ou o espiritismo com a fé e a vida do católico.


A IDEOLOGIA  DO MOVIMENTO NOVA ERA: DOUTRINAS DA NOVA ERA:

1.    DEUS      
O conceito de divindade é resgatado dos antigos conceitos orientais, que refutam a idéia de um Deus pessoal, detentor de atributos pessoais. Deus Não está sentado em seu trono como Rei soberano regendo todas as coisa; é apenas uma energia universal de onde derivam todas as coisa. Essa rejeição deve-se a ideologia panteísta, que afirma que Deus é tudo e que tudo é Deus. Para eles, Deus é apenas uma energia que, por vezes, denominam de Absoluto.

Em suma, acreditam que tudo o que existe no universo é Deus, que toda matéria apresentada natureza divina. E segundo as escrituras Védicas na Índia e o Tao-Te Ching na China, acreditam que cada uma das partes do todo deve evoluir e buscar níveis mais elevados de sua consciência divina.

Assim, apenas através de várias encarnações cada parte pode evoluir e alcançar níveis mais elevados de consciência. Essa evolução pode chegar ao ponto de não necessitar mais reencarnar, atingindo um estado evolutivo onde se torna um espírito cósmico. De acordo com esse pensamento ninguém inventa nada, apenas descobre as informações divinas que estão dentro de si, e assim vai adquirindo níveis mais elevados de consciência divina , o eu maior do qual todos fazem parte. Tais descobertas, que levam a ser a níveis superiores da consciência cósmica, podem ser adquiridas num processo de várias encarnações. Em resumo podemos concluir que a reencarnação é ponto fundamental no pensamento da Nova Era. Essa doutrina diabólica afasta definitivamente da cruz de Cristo aqueles que nele crêem, pois passam a crer que podem se salvar por intermédio do conhecimento, através de várias encarnações.


Aos olhos da Bíblia, podemos ver como a reencarnação é negada com intensidade, através do plano de salvação na cruz de Cristo, conforme podemos verificar em (Hb 9:27-28). A condenação para aqueles que tentam anular o sacrifício de Jesus a cruz, pregando a reencarnação e a necessidade de evolução, para assim poder um dia vir a ser um deus-homem, é certa, conforme verificamos em (Rm 1:18-25).

2.    HOMEM
O Homem é o centro de todas a doutrina da Nova Era. O Homem se torna expressão máxima de evolução divina na terceira dimensão, que é a dimensão física. Dentro desse conceito o homem nada é do que deus. Acreditam, desta maneira, que todas as forças existentes no Universo estão dentro do homem e que através do poder da mente, o homem pode realizar qualquer milagre divino.

Crêem na existência de forças opostas dentro do ser humano, sendo assim ele igualmente masculino e feminino; cristo e demônio; positivo e negativo entre outros. Dizem que a evolução do homem está caminhando para um equilíbrio entre os pólos opostos que fará com que a luz divina possa se manifestar com plenitude no homem-deus.

Para eles, o cérebro é dividido em dois lados, sendo o lado esquerdo masculino racional e lógico, ao passo que o direito feminino é emocional, sonhador. Baseia na idéia, de que o homem deve evoluir, até que ele possa equilibrar esses dois lados cerebrais. Visto isso, crêem que as pessoas passam a ter liberdade de relações amorosas entre sexos, defendendo assim os homossexuais como seres evoluídos.

Em vista deste comportamento, esperam que haja em novo estilo de vida para a humanidade. O que tem como meta determinar o fim do núcleo familiar e produzir uma condição de igualdade absoluta entre os homens, instituindo-se assim uma sociedade comunitária.

Isso tudo acima citado, vem confirmar um profecia existente em (2Tim 3:1-6). Os homossexuais, segundo o apóstolo, receberiam a recompensa...


3.    OS EXTRATERRESTRES
Atualmente os estudiosos que se dedicam à questão ufológica têm movido suas pesquisas baseados na filosofia da energia divina evolutiva. Acreditando que as partes do divino passam por um processo evolutivo; concluem que os extraterrestres são parte da energia divina que estão em outros estágios de evolução, divididos em vários planetas de maior ou menor evolução. Um outro fato interessante a ser levado em conta, está relacionado à movimentação executada no céu pelos supostos ÓVNIS. Vários cientistas têm se mostrado incapazes de explicar tal situação. A única conclusão lógica, que conseguiram chegar, por intermédio das leis da Física, até então, está relacionado ao fato, de que, se uma nave executa tais movimentos ou verdadeiras “acrobacias” no ar, isso só seria possível se tal objeto apresentasse massa igual a zero.

Se tais experiências são realizadas em estado de transe hipnótico e através de mediunidade, como podemos distinguir o que é realmente físico e o que é espiritual numa experiência de contato ufológico ? Ora uma pessoa em estado de transe hipnótico pode ter qualquer coisa impressa em sua mente, inclusive diabólica. E se os próprios pesquisadores não conseguem determinar a natureza da experiência , não há como afastar a possibilidade de que essa seja apenas mais uma ardilosa manipulação demoníaca sobre a frágil mente do homem degenerado pelo pecado.

Diante dos fatos, somos obrigados a concluir que os fenômenos ufológicos são atuações de seres mais provavelmente mensageiros de satanás, pois como a bíblia mesmo adverte, são capazes de se transformarem em anjos de luz (2 Co 11.14).

Especialistas que estudam fenômenos paranormais, têm observado a pratica de consultas a mestres cósmicos pelos adeptos do movimento Nova Era, e a tem denominado de channeling (que quer dizer canalização ).

A realização da channeling consiste numa prática de meditação onde a pessoa entra em transe hipnótico. Durante esse exercício a mente do indivíduo que pratica sai do nível de ondas beta do cérebro, que é o estado de vigília e entra no nível de ondas alpha. Geralmente a pessoa visualiza um lugar muito bonito, onde pode tatear, sentir cheirar e ouvir sons provenientes do local. Nessas circunstâncias, a pessoa pode visualizar um ser que vem sempre revestido de muita luz, que pode ser denominado mestre cósmico, anjo ou simplesmente E.T.

O fato desses Ets serem espíritos revestidos de luz, e as mensagens antibíblicas, que transmitem, apenas revelam sua verdadeira identidade, como nos advertiu o apóstolo Paulo em (Gl 1:8) e (2 Co 11:14).

Esperam que no futuro a humanidade alcance um elevado desenvolvimento espiritual, dando assim origem a um regime “cosmocrático “, ou seja, relacionamento aberto com seres cósmicos. As pessoas menos evoluídas seriam seqüestradas por um enorme disco voador e, levadas para outro lugar , onde passariam pela evolução necessária (Fp 3:20,-21).